OPAN alerta Funai e Sesai sobre situação preocupante na saúde na TI Marãiwatsédé
Carta solicita urgência no acompanhamento dos casos de desnutrição infantil e doenças respiratórias

Por causas consideradas evitáveis, um bebê, uma gestante e uma jovem vieram a óbito recentemente na Terra Indígena Marãiwatsédé, localizada no nordeste de Mato Grosso. Além das mortes, a incidência de casos de desnutrição infantil e doenças respiratórias preocupam a população.
A Operação Amazônia Nativa (OPAN), a partir do relato da equipe indigenista presente na TI Marãiwatsédé, comunicou a situação em detalhes aos órgãos responsáveis e solicitou urgência no acompanhamento e na resolução desse delicado quadro.
Em carta enviada à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e à Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) na última sexta-feira (16/05), a OPAN também chamou atenção sobre a ausência de um coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante e fragilidades na infraestrutura da saúde, em especial no que diz respeito ao transporte de indígenas das aldeias para o posto de saúde.
A TI Marãiwatsédé é um dos nove territórios do povo Xavante. De acordo com o censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população é de 1160 pessoas. Em 1966, os Xavante foram retirados do território e só conseguiram retornar em 2004, sendo que a desintrusão de posseiros e fazendeiros só ocorreu em 2013. Nessas quatro décadas mantidos fora do território, cerca de 70% da vegetação nativa foi desmatada, afetando a segurança alimentar do povo.
Confira a nota na íntegra:
Urgência na saúde na Terra Indígena Marãiwatsédé (MT)
Solicitamos à Funai e à Sesai que acompanhem a atual situação de saúde da TI Marãiwatsédé (MT). Mortes em decorrência de desnutrição e doenças respiratórias foram registradas recentemente. A fim de evitar que outros óbitos aconteçam, é importante a participação efetiva da Funai e da Sesai.
A partir da presença da equipe de indigenistas da OPAN na TI Marãiwatsédé, podemos observar alguns aspectos preocupantes relacionados à saúde do povo Xavante.
Dentre as situações constatadas, há casos recorrentes de desnutrição infantil e cada vez mais frequentes de doenças respiratórias. Diante da complexidade dessas situações vivenciadas pela população local, a infraestrutura deixa a desejar, principalmente no que diz respeito ao transporte.
Os dois veículos da Sesai que ficam no polo base de Marãiwatsédé estão quebrados, o que impede que a equipe de saúde faça visitas nas 21 aldeias da terra indígena.
Recentemente, foram registrados óbitos na terra indígena, sendo um bebê de um ano por desnutrição, uma gestante com síndrome respiratória aguda e uma jovem por apêndice supurado.
Considerando os casos de doenças respiratórias (pneumonia e tuberculose), faz-se necessário um acompanhamento próximo para os tratamentos necessários e para avaliação do grau de contágio dentro do território.
Em relação à desnutrição infantil, um diálogo profundo com os Agentes Indígenas de Saúde, grupos familiares e demais profissionais da área pode oferecer informações substanciais para a definição de um diagnóstico mais preciso.
O diagnóstico preciso (circunstanciado) é essencial para tomar as medidas necessárias e adequadas para garantir a segurança alimentar da população. E, neste caso, a presença da Funai, da Sesai e o engajamento da comunidade são fundamentais.
Frente a este quadro desafiador, a ausência de um coordenador do distrito do DSEI Xavante dificulta uma melhor organização desses serviços.
Diante desse cenário, solicitamos urgência no acompanhamento direto das situações relatadas. A Funai, a Sesai e outros órgãos responsáveis, em diálogo com a comunidade, podem contribuir com soluções mais amplas. Nos colocamos à disposição, na medida de nossas possibilidades, para os melhores encaminhamentos da situação descrita.
Com estima,
Operação Amazônia Nativa
Cuiabá, 16 de maio de 2025