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Apurinã dedicam-se aos SAFs

Práticas agroecológicas combatem pragas e diversificam a alimentação.

Por: Carla Ninos/OPAN

SAF da aldeia Novo Paraíso na TI Caititu.
Foto de Arquivo OPAN

Lábrea, AM – O povo Apurinã da terra indígena Caititu vem desenvolvendo, desde o ano passado, unidades demonstrativas de sistemas agroflorestais nas aldeias Novo Paraíso, Nova Esperança II, Tucumã e Idecorá. Essa é uma atividade do projeto Raízes do Purus, realizado pela organização não governamental Operação Amazônia Nativa (OPAN) com o patrocínio da Petrobras.

Um dos principais problemas apontado pelos Apurinã era o solo, que estava ficando improdutivo e cheio de pragas, o que prejudicava bastante a subsistência das famílias. “Nós viemos com a alternativa do SAF, que é uma pratica agroecológica, onde não se usa adubação química, nem maquinário para remover a terra. Se usa a força das pessoas para trabalhar nos canteiros”, explica o indigenista da OPAN, Vinicius Benites.

Rosa Apurinã em meio às folhas da mandioca.
Foto de Carla Ninos

E através de mutirões, os Apurinã aprimoram, cada vez mais, as técnicas aprendidas em oficinas desenvolvidas no início do projeto, e criam novos canteiros. Como a Rosa Jacinto Apurinã, da aldeia Novo Paraíso, que resolveu fazer um canteiro atrás da casa, local antes tomado pela praga conhecida como furão, muito comum na terra indígena. Hoje, dona Rosa tem pé de mandioca, banana, abacaxi, cupuaçu, beribá, copaíba, angelim, bacaba e pupunha, tudo ao alcance das mãos. Ela é uma das mais animadas com a nova técnica.

“No meu costume, a gente precisava tacar fogo para poder plantar. Agora, a gente prepara os canteiros e sai plantando o que a gente gosta de comer e o que a gente gosta de plantar, tudo misturado. Uma prática que nos deixa bastante animados quando olhamos para o futuro”, comenta Rosa, mostrando seu roçado.

A ideia dos canteiros agroflorestais, é imitar a floresta, onde se encontra o solo com uma camada de matéria orgânica muito grande. Não existe uma regra, se planta tudo o que quiser, desde espécies nativas a frutíferas. “Com os canteiros prontos, se aproveita a terra que está boa, adubada e preparada para receber qualquer tipo de semente. O máximo que vai acontecer, é que se não produzir, vai virar adubo para o canteiro”, reitera o indigenista Vinicius Benites.

Rosa Apurinã conta que recebia com desconfiança as informações sobre os sistemas agroflorestais, porque ia de encontro aos ensinamentos aprendidos com o pai ainda menina, como plantar banana em terreno plano. “Eu aprendi que a gente só plantava banana em roça que estava bem queimada e em áreas baixas e em um terreno desnivelado. No início, não tinha fé nesse trabalho, mas, depois que me envolvi e vi os canteiros bonitos, acreditei”.

Próximos passos

De 03 a 10 de novembro, na aldeia Novo Paraíso, os Apurinã da TI Caititu vão realizar um Mutirão Agroflorestal e troca de sementes para fortalecer as iniciativas agroecológicas por meio da troca de experiência entre indígenas e não indígenas. Para a ocasião, foram convidados os povos: Jamamadi (AM), Paumari (AM), Ashaninka (AC), Xavante (MT) e Nambiquara (MT). Dentro da programação estão previstas apresentações de políticas públicas, como o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, lançado ano passado pelo governo federal com o objetivo de incentivar a produção orgânica por agricultores familiares, aumentando sua renda e ampliando a oferta de alimentos saudáveis na mesa dos brasileiros; além de oficinas sobre práticas agroflorestais.

“O objetivo do encontro é de dar continuidade e enriquecer esse trabalho iniciado com os Apurinã de maneira prática e teórica. Por isso, o evento vai contar com a presença de consultores, para enfatizar as técnicas do sistema agroflorestal, e ainda, com a presença dos indígenas do estado do MT, para dar sequencia a metodologia de trabalho que a OPAN usa, disponibilizando espaços para que os índios possam apresentar os moldes de trabalho voltado para a sua cultura e sua organização interna”, ressalta o indigenista Magno Santos.

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