Esta pesquisa teve o objetivo de interpretar um estudo de caso no Xingu, na tentativa de se revelar quais foram os caminhos percorridos e os olhares da Educação Ambiental compreendida pelos Kaiabi. Propõe apresentar a articulação de uma Educação Ambiental crítica, primando pelo diálogo intercultural e pela valorização dos diversos saberes.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que se configurou numa observação participante, desenvolvida em três comunidades Kaiabi nos anos de 2003 e 2004. Exímios guerreiros, os Kaiabi são falantes da língua Tupi-guarani. Em alguns uma tatuagem facial marca também sua identidade. Os Projetos Ambientais Escolares Comunitários (PAEC) desenvolvidos pela SEDUC em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) possibilitaram minha inserção nas aldeias Kaiabi. As aulas desenvolvidas com os estudantes indígenas do ensino fundamental, nos viveiros de espécies frutíferas e no meliponário (manejo da abelha nativa) demonstraram que as crianças indígenas compreendem a importância das interações entre as espécies vegetais, insetos e mamíferos na dispersão de sementes e na polinização das floradas.
Pôde-se perceber que a comunidade indígena almeja por um currículo e calendários escolares diferenciados, que dialoguem e respeitem a cultura local. A escola foi vista por alguns
membros da aldeia como um espaço de cultura instituído que poderá salvaguardar a língua, os rituais, as festas, os conceitos e os mitos de suas culturas.
Esta pesquisa mostrou haver desafios para a sustentabilidade da vida em territórios demarcados; no entanto, possibilitou entender que a alma Kaiabi transcende a imobilidade e que os horizontes da Educação Ambiental acenam esperança na construção de Sociedades Sustentáveis.