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Seguindo bons exemplos

Na TI Caititu, mais aldeias decidem implementar canteiros agroflorestais.

Na TI Caititu, mais aldeias decidem implementar canteiros agroflorestais.

Por: Carla Ninos/OPAN

Lábrea (AM) – Depois de pouco mais de um ano de apoio à implementação de sistemas agroflorestais (SAFs) na Terra Indígena (TI) Caititu, mais quatro aldeias deram início à replicação espontânea da iniciativa. A experiência do plantio consorciado de espécies importantes para os Apurinã com técnicas agroecológicas já caminha com seus próprios passos. “Saber que as técnicas de SAFs estão sendo replicadas em outras aldeias, mostra que os resultados do nosso projeto têm sido significativos e úteis para o povo Apurinã”, comenta o coordenador do Programa Amazonas da OPAN, Gustavo Silveira.

Inicialmente, os SAFs foram implantados em quatro unidades piloto nas aldeias Novo Paraíso, Nova Esperança II, Idecorá e Tucumã. As famílias receberam orientações em oficinas, além de mudas e sementes de espécies florestais, frutíferas e hortaliças para iniciar seus canteiros. Esta atividade tem sido apoiada pelo projeto Raízes do Purus, realizado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN) com o patrocínio da Petrobras.

Ao longo de 2014, tanto a OPAN quanto os próprios indígenas passaram a realizar mutirões dentro dessas unidades e a contar com a participação de outras aldeias no trabalho. Como os sistemas agroflorestais apresentaram rapidamente bons resultados e ainda ajudaram a recuperar o solo, os Apurinã começaram a replicar os canteiros em outras aldeias.

“Já colhemos banana, colorau e abacaxi. Com pouco mais de um ano, o canteiro agroflorestal já está produzindo”, comenta, satisfeito, Antônio Apurinã, da aldeia Idecorá. Ele informa, ainda, que na aldeia eles têm cerca de 40 espécies diferentes de madeira de lei plantadas no canteiro, como ipê, cedro, mogno e sumaúma.

Na aldeia Idecorá os mutirões já viraram rotina dos indígenas. Foto de Adriano Gambarini/OPAN

“Hoje, sabemos que as aldeias Copaíba, São Domingos, Irmã Cleusa e Paxiúba iniciaram seus SAFs apenas pegando informações técnicas no escritório da OPAN em Lábrea e participando de oficinas e mutirões nas unidades pilotos. Agora, outras aldeias já demonstram interesse em iniciar seus canteiros”, informa Magno dos Santos, indigenista da OPAN.

Os sistemas agroflorestais têm grande importância para o povo Apurinã. Além de levar um novo conceito de uso e manejo do território e de favorecer a recuperação produtiva de solos degradados, melhoraram a organização social e têm potencial para se tornar uma alternativa econômica para os indígenas. No mercado local é difícil encontrar os produtos cultivados nos modelos de SAFs.

Estudando o mercado e analisando todo o ciclo agroecológico, é possível pensar em atuar futuramente com mini-indústrias que trabalhem o beneficiamento dos produtos oriundos dos SAFs. ”Desidratar as frutas, por exemplo, é um tipo de beneficiamento que agrega muito valor e que tem boa saída de mercado”, explica Magno dos Santos. Hoje, na feira livre de Lábrea, um cacho de banana custa entre R$ 10,00 e R$ 15,00. Mas, se a banana for desidratada até virar uma banana-passa, é possível agregar cerca de 50% sobre o valor desse produto. O potencial é enorme. “Lábrea é uma cidade considerada a capital do Médio Purus, com uma rotatividade muito grande de pessoas de outras regiões e estados, que demandam produtos orgânicos e naturais, mas o mercado local não oferece”, conclui o indigenista da OPAN.

Sistema agroflorestal da aldeia Novo Paraíso é uma das unidades pilotos implantadas no início do projeto. Foto de Adriano Gambarini/OPAN

Com a produção agroecológica dos Apurinã, e expectativa de melhora na qualidade nutricional dos indígenas, o mercado local poderá conhecer e valorizar produtos que vêm de dentro de uma terra indígena, oriundos do fortalecimento da organização comunitária, oferecendo ao consumidor um produto orgânico, saudável e sem agrotóxicos.

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