Na direção do manejo
Povo Deni do rio Xeruã fortalece ações para consolidar o manejo sustentável de pirarucu.
Povo Deni do rio Xeruã fortalece ações para consolidar o manejo sustentável de pirarucu.
Por: Por Dafne Spolti/OPAN.
Carauari, AM – Os Deni do rio Xeruã estão firmes na construção do manejo sustentável de pirarucu. Eles mantêm atividades de vigilância na Terra Indígena Deni para inibir a invasão de barcos de pesca e estão deixando de utilizar temporariamente alguns lagos visando a sua conservação e o aumento do número de peixes. Os primeiros resultados já apareceram. Na aldeia Morada Nova, em 2012 os Deni registraram 300 pirarucus. No ano seguinte, esse número passou para 400 e, em 2014, saltou para mil. Esse resultado só foi possível graças aos trabalhos de fortalecimento da organização social dos Deni, que decidiram se dedicar à contagem de pirarucu com cada vez mais solidez. Neste mês de agosto, a ação será realizada em todas as aldeias: Itaúba, Terra Nova, Boiador e Morada Nova.
A contagem de pirarucu é o pré-requisito para a obtenção da autorização de pesca no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). É uma das principais etapas da produção do pirarucu a partir de um plano de manejo aprovado pela autoridade ambiental. A licença para o manejo vale apenas para a pesca de peixes adultos, que devem ser vendidos frescos – e não salgados, como é de costume na região – e precisam ser identificados um a um.
Um dos desafios dos Deni para o manejo de pirarucu é o escoamento da produção, que poderá ser superado com o apoio do projeto “Arapaima: redes produtivas”, executado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN) com recursos do Fundo Amazônia. A iniciativa prevê desde o diagnóstico de recursos (da pesca manejada e os florestais não madeireiros) até o apoio ao beneficiamento e à comercialização nas regiões do Médio Juruá e do Médio Solimões. Entre os objetivos do projeto está o fortalecimento de organizações de base indígena e extrativista para promoção dos arranjos produtivos sustentáveis. A proposta apoia a articulação dos Deni e dos extrativistas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uacari e da Reserva Extrativista (Resex) Médio Juruá, assim como suas entidades representativas. Participam do projeto também as comunidades da RDS Cujubim, os povos Katukina, Kokama, Kambeba e Tikuna, do Médio Solimões, e o Conselho dos Povos Indígenas de Jutaí (Copiju).
De acordo com o coordenador do projeto, Vinicius Benites Alves, os extrativistas no Médio Juruá já fazem a pesca manejada de pirarucu e comercializam a produção. Parte dela para a merenda escolar no município de Carauari. Agregando a produção indígena à extrativista, os Deni poderão, ao mesmo tempo, ampliar oportunidades de escoamento, aumentar a quantia de peixes comercializados na região e diminuir a pressão externa sobre sua terra indígena.
No mês de agosto, além da contagem de pirarucu, os Deni irão realizar a assembleia anual da Associação do Povo Deni do Xeruã (Aspodex). A ocasião é um momento chave na vida dos Deni porque é quando eles tomam as decisões políticas em torno de questões que influem diretamente sobre seu cotidiano, como saúde, educação, conservação dos territórios, geração de renda. Nesta época, estão previstas oficinas de contagem de pirarucu, promovidas pela OPAN em parceria com o Instituto Mamirauá. Para o indigenista Renato Rodrigues Rocha, realizar a contagem de pirarucu junto à assembleia da Aspodex será importante para apoiar a organização comunitária das aldeias.
A OPAN trabalha com o povo Deni desde os anos 2000, período em que começaram as mobilizações pela demarcação das suas terras. Desde então, realiza diversas ações em parceria com os indígenas, sendo que entre 2009 e 2011 foram intensificadas atividades em torno das cadeias produtivas e do fortalecimento das organizações indígenas no Projeto Aldeias.
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Dafne Spolti
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