Avanços na RDS Cujubim
Com pesca manejada de pirarucu, extrativistas fortalecem sua associação.
Por: Dafne Spolti/OPAN.
Manaus (AM) – Agora mais organizados, os moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Cujubim, localizada na região do Alto rio Jutaí – a cerca de três dias de barco da sede municipal da cidade do mesmo nome; uma semana de Manaus –, pescaram 113 pirarucus. Parte do pescado foi vendida para uma empresa da capital e cerca de 300 quilos foram comercializadas diretamente ao público na Feira Urbana de Alternativas (FUÁ), na sede da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), também em Manaus. Com os recursos adquiridos irão conseguir renda familiar e condições de investir na sua organização comunitária. Aproveitando o escoamento do peixe, os moradores venderam artesanatos durante a feira.
O presidente da Associação dos Extrativistas da RDS Cujubim (AERDSC), Edivar Bezerra de Moura, explicou 10% cento dos recursos ganhos serão destinados para melhorar o funcionamento da associação, como vêm pactuando ao longo do ano, para despesas com cartório e outros trâmites burocráticos, além de manutenção dos patrimônios de bem comum, como equipamentos eletrônicos e barco, por exemplo. Além disso, os sócios combinaram acertar as suas mensalidades atrasadas dos anos de 2016 e 2017 com a AERDSC.
“Devagar estamos conseguindo as coisas. Mudou muito”, disse Moura. Agora o próximo passo para o fortalecimento da RDS é a reforma do estatuto da associação. Um dos motivos, é a necessidade de emissão de nota fiscal para que seja por meio dela o comércio de seus produtos sustentáveis, o que ainda não é previsto na documentação.
A AERDSC está com uma nova diretoria, composta por integrantes da gestão passada e novos membros, alguns jovens e que contribuem com uma energia a mais. Ronaldo Lopes dos Santos, de 20 anos, é um deles, na função de secretário. Ele destacou a oportunidade de fazerem um bom trabalho nos próximos quatro anos e que uma das necessidades é fortalecer a união dos moradores. “Estamos querendo reunir mais o pessoal”, disse ele.
O peixe manejado deste ano, de acordo com Santos está com uma qualidade melhor, inclusive pela proteção aos lagos que realizaram em todas as áreas. “O manejo está bom do ponto de vista ambiental”, disse o indigenista da OPAN Leonardo Pereira Kurihrara, coordenador do projeto Arapaima: redes produtivas, executado com recursos do Fundo Amazônia. Rodrigo Tawada, também indigenista da OPAN, comentou que os peixes foram maiores do que normalmente ocorre em outras regiões de manejo, o que se deve provavelmente ao fato de não realizarem a pesca de pirarucu regularmente e contarem, portanto, com peixes mais velhos.
Mesmo com os ganhos, ainda há necessidades de melhorar atividade, aprimorando os procedimentos e adquirindo estruturas melhores para salga e tratamento do peixe, destacaram os indigenistas e diretores da AERDSC.
Venda articulada
A feira contou com o comércio de artesanatos produzidas principalmente pelas mulheres e pelo Antonio Torrado Bezerra dos Santos, que vem fazendo barcos e remos em miniatura, entre outras artes. Eles iniciaram as confecções com oficina do projeto Arapaima e já pretendendo fazer a venda articulada com o escoamento de outros produtos, o que, sendo posto em prática, mostra também a melhoria da organização interna na RDS.
Para a especialista em Educação Ambiental da InCité, Kelly Cristina Pereira de Souza, que vem trabalhando junto aos moradores com apoio do projeto Arapaima / OPAN e da FAS, a venda tem um resultado para a valorização cultural das comunidades: “O artesanato associado ao manejo foi importante para a população de Manaus conhecer as outras formas de produção, as outras formas de trabalho dos associados das comunidades tradicionais da RDS”, disse ela.
As atividades da RDS Cujubim – artesanato, manejo, fortalecimento da organização comunitária – recebem apoio do Departamento de Mudanças Climáticas e Gestão de Unidades de Conservação (Demuc), da Secretaria de Estado do Meio Ambienta (SEMA), da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), apoio técnico da InCité consultoria, além da OPAN com o projeto Arapaima, executa do com recursos do Fundo Amazônia.
Contatos com a imprensa
Dafne Spolti
dafne@amazonianativa.org.br
(65) 9 9223-2494