OPAN

Novas Reflexões Indigenistas, o livro que registra a memória da OPAN e suas contribuições para uma forma inovadora de fazer indigenismo

A publicação que narra a construção da Operação Amazônia Nativa, desde os seus primórdios como Operação Anchieta, assim como o fortalecimento do protagonismo dos povos indígenas, contará com um evento de lançamento online, no dia 8 de dezembro de 2021, às 20h (horário de Brasília), pelo Facebook e Youtube.

POR DAFNE SPOLTI/OPAN

A primeira turma do curso de formação da OPAN. Em 1971, os voluntários opanistas se reuniram em Lajeado, Rio Grande do Sul, para o curso.

O espírito jovial da OPAN nunca acaba. Ele está impresso na história dessa instituição de objetivos precisos e de sonhos coletivos que se realizam ao longo dos anos. Assim, a OPAN lança o livro Novas Reflexões Indigenistas, com a história daqueles que foram capazes de inaugurar, na prática, uma maneira respeitosa de trabalho com os povos indígenas, que se mantém e se atualiza nesses quase 53 anos da instituição, a serem completados dia 6 de fevereiro de 2022.

A obra foi produzida ao modo OPAN de ser, de forma democrática e a muitas mãos. Contou com a dedicação dos organizadores: Ivar Busatto e João Dal Poz, virginianos com longa caminhada no indigenismo, e Andreia Fanzeres, jornalista que atua há 10 anos na instituição, hoje como coordenadora do Programa de Direitos Indígenas.

Ela reúne artigos sobre a concepção do novo olhar indigenista, imbuído pelo princípio e a vontade de viver o cotidiano com os indígenas de forma aberta e disposta à escuta. Nesse viver lado a lado com os indígenas, apresentado pelos relatos e diários de campo, no dia a dia da aldeia, em conversas nos roçados, durante as pescas, no som das festas e rituais, nas muitas risadas e olhares de cumplicidade, e diante de dificuldades características do contexto e da época de cada um.

Dividida em duas partes, a obra conta as conquistas alcançadas a partir dessa metodologia de trabalhar de forma presente nas aldeias: as demarcações de terras; as políticas de saúde e educação diferenciadas; as estratégias para proteção e gestão territorial e muitas outras, protagonizadas pelos indígenas.

Além de textos dos próprios organizadores, a primeira parte conta com relatos do fundador da OPAN Egydio Schwade; dos indigenistas Rosa Maria Monteiro (Mitô); Márcio Ferreira da Silva; Jonia Teresinha Fank; Teresinha Weber; Lola Campos Rebollar; Arlindo Leite; Thelia Pinheiro; Fausto Martins Campoli; Edemar Treuherz; além da jornalista Verenilde Santos Pereira, e de Anton Rohrmoser, parceiro de longa data.

Destaca-se também um artigo produzido pelo educador e indigenista Darci Secchi, que partiu no final de outubro, causando comoção geral entre seus familiares e amigos.

Na imagem, Darci Secchi conversa com uma indígena Latunde. Ela estava preocupada com o barulho de helicóptero que acabara de ouvir. O registro foi feito na Terra Indígena Tubarão Latunde, em Rondônia, no ano de 1977. A imagem está na página 208 do livro.

Na parte dois do livro, nos entregaram ainda reflexões sobre os desafios e perspectivas do trabalho indigenista, a partir dos relatos de Rodrigo Ferreira Barros; Catiúscia Custódio de Souza; Rochele Fiorini; Leonardo Kurihara; Antonio Miranda Neto; Diogo Henrique Giroto; Felipe Rossoni; Gustavo V. Silveira; Magno de Lima dos Santos; Renato Rodrigues Rocha, além de Thiago Mota Cardoso, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e parceiros com atuação nesse estado.

Os trabalhos e iniciativas de comunidades com as quais atuamos – tais como a vigilância territorial, a formação de jovens indígenas na gestão de seus territórios, as experiências de organizações indígenas de mulheres e os resultados e benefícios do manejo sustentável de pirarucu – são apresentados na segunda parte.  Nesse capítulo, o livro conta ainda com artigo especial do indigenista Rinaldo Arruda sobre os caminhos do hoje e do amanhã.


Em seu conjunto, Novas Reflexões Indigenistas demonstra a trajetória e um jeito de fazer – sempre entre parceiros – que vem contribuindo com o fortalecimento dos indígenas, que desenvolvem, inovam, e redesenham suas maneiras de conquistar e garantir seus direitos e espaço no mundo, com altivez, solidariedade àqueles que enfrentam dificuldades severas, e ensinando a todos nós sobre vida e possibilidades promissoras de futuro.

O livro será lançado em uma live no dia 8 de dezembro, às 20h (horário de Brasília), pelo Facebook e YouTube da OPAN.