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Aos 105 anos, aguardando a demarcação de sua terra

No Acampamento Terra Livre, ancião Guarani-Kaiowá pede apoio dos presentes para a demarcação da Terra Indígena Guyraroka.

Tito e Miguela Vilhalva no 20º ATL. Foto: Dafne Spolti/OPAN

Na abertura do 20º Acampamento Terra Livre (ATL), na tarde de ontem (22), Tito Vilhalva e sua esposa Miguela Vihalva, do povo Guiarani-Kaiowá, contaram sua história de luta e pediram apoio a todos para a demarcação da terra. Os companheiros do casal já faleceram, e eles seguem com o sonho quase impossível de ter a paz de um território seguro. A fala foi precedida pelas homenagens e rezas de toda a plenária do Acampamento para os dois.

Tito Vilhalva. Foto: Dafne Spolti/OPAN.

A TI Guyraroka, localizada em Caarapor, Mato Grosso do Sul, chegou a ter o processo de demarcação iniciado, com posterior anulação da portaria declaratória. Assim, Tito, sua esposa e as famílias do território vivem, ao invés de 11 mil hectares, em uma área de 55 hectares. “Há tanto tempo vem sendo prometida a demarcação, desde 1970, mas até agora estamos correndo atrás pro nosso território ser demarcado. E cada vez mais que a gente vem aqui parece que as coisas estão piores”, disse o senhor Tito, que contou com apoio de tradução no evento.

Ele denunciou a degradação ambiental no entorno da terra, promovida por não indígenas: “Está vindo a praga, secando, perdendo sua plantação e através deles também que a gente vem perdendo nossas plantas, nosso cultivo. Eles praguejaram a nossa terra”.

“Devido isso que estão fazendo pra nós, o ruralista, o agronegócio pode se prejudicar cada vez mais, mas nós indígenas estamos firmes na luta pra chegar até lá”, assegurou ele.

Tito pediu apoio aos presentes do ATL para a demarcação da Terra Indígena Guyraroka, demonstrando que ainda tem esperança de vitória. “Com a reza, com a nossa resistência, venceremos. Eles vão ser praguejados e nós vitoriosos”, finalizou.