OPAN

Indígenas de Jutaí vão a Brasília

Movimento indígena Copiju reivindica a presença da Funai no município.

Movimento indígena Copiju reivindica a presença da Funai no município.

Por: Dafne Spolti/OPAN

Brasília-DF – Enquanto Dilma Rousseff era afastada do governo, o Conselho dos Povos Indígenas de Jutaí (Copiju), do Amazonas, junto a organizações indígenas e da sociedade civil de todo o país, entre elas a OPAN, lutava pela garantia dos seus direitos no 13º Acampamento Terra Livre (ATL), realizado em Brasília (DF), entre 10 e 12 de maio de 2016. Os participantes do acampamento reivindicavam que a presidente assinasse os decretos de desapropriação e homologação de terras indígenas receosos de que a entrada de Michel Temer na presidência acelere a tramitação de projetos anti-indígenas, como a PEC 215.

“Estamos aqui no Planalto, no Acampamento Terra Livre, em busca dos nossos direitos indígenas que estão sendo atropelados”, disse o vice-presidente do Copiju, Josimar Lopes de Oliveira, do povo Kokama. Francisco Peres, coordenador de educação do Copiju, também Kokama, lembrou que no Amazonas há fartura de caça, peixe e de floresta nas terras indígenas e que, por isso, estavam participando da Semana de Mobilização Nacional Indígena, mostrando a importância da garantia do território e incentivando os parentes a serem fortes e persistentes na luta.

Josimar Lopes (à esq.) e Francisco Peres (à dir.). Foto: Vinicius Benites Alves/OPAN.

Além da união em torno dos direitos indígenas em nível nacional, os membros do Copiju também levaram uma reivindicação local para a mobilização: a reabertura da Coordenação Técnica Local (CTL) da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Jutaí. Hoje, os indígenas do município precisam se remeter à CTL de Tonantins que fica na jurisdição da CR Tabatinga (Veja no mapa) e que praticamente não atua em Jutaí. Durante a plenária “Voz das Mulheres Indígenas”, realizada no dia 10, os representantes do Copiju entregaram ao presidente da Funai, João Pedro Gonçalves da Costa, uma carta pedindo informações sobre a ausência da Funai na região.

A participação do Copiju foi apoiada pela OPAN, com o projeto “Arapaima: redes produtivas”, executado com recursos do Fundo Amazônia. “Considero o Acampamento Terra Livre, um dos momentos fundamentais para o fortalecimento do movimento indígena no Brasil, onde fica cada vez mais clara a necessidade de se ter uma política indigenista mais atuante e que garanta seus direitos originários”, disse o coordenador do projeto, Vinicius Benites Alves.

Ao final do evento, os participantes do Acampamento Terra Livre lançaram um manifesto em que reivindicam do Estado e da sociedade brasileira o respeito aos direitos fundamentais dos povos indígenas, reconhecidos pela Constituição Federal. Além disso, demonstram preocupação com os ataques, ameaças e retrocessos contra seus direitos, especialmente no governo interino.

Leia o manifesto na íntegra aqui.

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