A emergência climática mostrou o inimaginável em 2024. Rios de quilômetros de largura e extensão se encolheram a fios de água no Amazonas, alterando de forma incalculável a vida das pessoas e do ecossistema. A seca histórica foi acompanhada por queimadas em diversos municípios do estado, deixando o ar irrespirável.
Em Mato Grosso, o fogo se alastrou por todos os biomas: Amazônia, Cerrado e Pantanal. O clima alterado, que potencializou os impactos naturais do El Niño e de La Niña, teve resultados dramáticos para muitas vidas e acarretou em prejuízos enormes às economias, especialmente as de alimentos, tanto em sua semeadura, quanto na qualidade e produção.
Nesse contexto de muitas mudanças climáticas, nas disputas relacionadas aos diferentes modelos de desenvolvimento, os povos indígenas ocupam um lugar paradoxal. Embora seus modos de vida contribuam diretamente com a conservação do meio ambiente, eles sofrem de maneira imediata e violenta as consequências dos impactos ambientais. Em tempos de crise, os povos indígenas são protagonistas na preservação da biodiversidade e na regulação da temperatura global, mas também são grandes vítimas do avanço do aquecimento global.
Atentos às violações que não param de chegar, como desmatamento, invasões e mineração, os principais guardiões da natureza observam as forças políticas em constante embate entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que tem resultado em retrocessos significativos na legislação e nos programas de proteção ambiental.
Contudo, povos indígenas, comunidades tradicionais e parceiros somam esforços para impedir que essas pressões e ameaças se sobreponham à luta política coletiva e aos direitos constitucionais. Nesse sentido, há uma diversidade de iniciativas em curso visando caminhos promissores voltados à coletividade.
Neste relatório, apresentamos projetos de vida de povos do Amazonas e de Mato Grosso e seu empenho em garantir o bem-viver de suas famílias e a proteção de seus territórios, com economias sustentáveis e constantes atividades para a garantia de políticas públicas qualificadas.
As atividades aqui relatadas são realizadas com apoio da OPAN, instituição indigenista com 56 anos de atuação, e que atualmente está organizada em três programas institucionais: Amazonas, Mato Grosso e de Direitos Indígenas, Política Indigenista e Informação à Sociedade.
Boa leitura!