OPAN

Marãiwatsédé e a RIO+20: Não podemos esperar mais 20 anos!

OPAN, Povo Xavante de Marãiwatsédé.

Em 2012, as promessas para devolução do território tradicional do povo indígena Xavante de Marãiwatsédé completam duas décadas. Desde a Rio92, o governo brasileiro afirma que a terra, de onde os indígenas foram retirados à força em 1966, deve ser plenamente ocupada pelos seus verdadeiros e legítimos donos. Mas, até hoje, eles continuam sofrendo graves ameaças à sua integridade física, cultural e territorial, enquanto burocracias emperram o processo de retirada dos ocupantes não-índios, que devastaram em 20 anos cerca de 85% da terra indígena. Esse impasse acontece na região mais isolada e desassistida de Mato Grosso, onde são elevados os índices de violência no campo, trabalho escravo, desmatamento e produção irregular de gado e grãos.

Apesar de tantas ilegalidades, políticos locais se esforçam para que a sociedade brasileira continue sem saber dessa história. Por isso, precisamos da sua ajuda para levar o drama da Terra Indígena Marãiwatsédé à atenção nacional e internacional durante a Rio+20. Durante os eventos que compõem a Rio+20, vamos expor belíssimas fotografias sobre o cotidiano Xavante em Marãiwatsédé, revelando como os indígenas têm superado as dificuldades decorrentes da violação de direitos humanos para realizar suas práticas culturais. Sua doação será importante também para que possamos custear a ida de um grupo de lideranças Xavante ao evento. Lá, elas poderão demonstrar seus cantos, suas danças e, principalmente, fazer a cobrança pela devolução de Marãiwatsédé. Sobre os Xavante Os Xavante se autodenominam A’uwê Uptabi (“gente verdadeira”). Pertencem ao tronco linguístico macro-jê e à família linguística jê. São um povo tradicionalmente coletor, caçador e pescador. Seus principais rituais incluem: oi’ó (praticado por meninos com até 12 anos de idade e que marca o pertencimento a um clã), dahono (o ritual mais importante dos Xavante, pois marca a iniciação dos homens a vida adulta) e o wai’á (ritual com várias modalidades, cada uma com um objetivo – cura de enfermidades, iniciação ao mundo espiritual, etc.), entre outros. Produzem artesanato com o buriti, algodão, madeira e algumas sementes. Apesar das ameaças à sua soberania territorial, a cultura Xavante continua a se manifestar com extrema vitalidade, sendo retransmitida de geração em geração através da língua, dos rituais e cerimoniais. Entre suas práticas esportivas estão o uiwede (“corrida de tora de buriti”), uma corrida de revezamento em que duas equipes de gerações diferentes correm cerca de 8 km, passando uma tora de palmeira de buriti de cerca de 80 kg de um ombro para o outro até chegarem ao pátio da aldeia. Em Marãiwatsédé há apenas uma aldeia onde vivem cerca de 800 pessoas, das quais cerca de 300 são crianças. Numa pequena área sem acesso à água limpa e com poucos recursos naturais, os Xavante permanecem juntos como forma de proteção contra as ameaças dos fazendeiros que invadiram seu território. Eles instalaram empreendimentos agropecuários com apoio do governo estadual e de políticos locais e provocam desmatamentos na tentativa de inviabilizar a permanência dos Xavante. Os Xavante, representados pela FUNAI, venceram a briga na Justiça pela retirada dos não-indígenas. No entanto, o governo federal ainda não implementou o plano de desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsédé OPAN – Operação Amazônia Nativa A OPAN é a primeira organização indigenista fundada no Brasil, em 1969. Mantém equipes que trabalham em parceria com povos indígenas no Amazonas e no Mato Grosso, desenvolvendo ações voltadas à garantia de seus direitos, gestão territorial e busca de alternativas de geração de renda baseadas na conservação ambiental e no fortalecimento das culturas indígenas.