As principais mudanças ocorridas foram a diminuição da prática da coleta e o aumento da dependência com relação à agricultura (tendo o arroz como principal produto) e da pesca, em um primeiro momento, e maior dependência de produtos industrializados, posteriormente. Observou-se a manutenção da prática das caçadas, mesmo que com menor intensidade e menor contribuição garantida para a dieta da comunidade, devido a sua elevada importância simbólica entre os Xavante. O aumento do consumo de itens industrializados de baixo valor nutricional trouxe sérios problemas de saúde, entre os Xavante em geral.
No caso de Marãiwatséde, todos esses problemas foram agravados devido ao fato desta ser a TI mais desmatada da Amazônia Legal e todos os recursos, tanto para caça, pesca, agricultura e coleta estarem comprometidos. Algumas causas para essas mudanças foram elencadas como: a retirada forçada de seu território tradicional; o confinamento territorial; a diminuição gradativa da disponibilidade dos recursos; a degradação do solo; as políticas de desenvolvimento para os povos indígenas e o maior acesso a recursos financeiros e às tecnologias dos não-índios.
Este trabalho foi realizado entre os Xavante da TI Marãiwatsédé, no nordeste do estado de Mato Grosso, Brasil, região de transição entre os biomas Cerrado e Amazônia. Sua realização teve por objetivo estudar os hábitos alimentares e as mudanças ocorridas na alimentação dos Xavante de Marãiwatséde Este trabalho foi realizado entre os Xavante da TI Marãiwatsédedesde o contato (no final da década de 1950) até os dias atuais. Para isso, foi utilizado o método etnográfico e uma revisão da literatura sobre o tema.
Concluiu-se que, este povo mudou suas estratégias de subsistência ao longo do período de intensificação do contato, o que não comprometeu a sua essência, visto que estão sempre se reafirmando como povo, mesmo que através dos meios tecnológicos modernos.