O plantio de algodão é uma tradição secular de inúmeros povos indígenas e os motivos que o justificam não se limitam à fabricação de artefatos usados no cotidiano ou nas celebrações coletivas. Neste sentido, esta obra possibilita entender como o algodão é percebido especificamente na cultura do povo Nambikwara.
Por meio de uma riqueza de informações etnográficas, a autora revela como o algodão é fundamental para a noção de saúde deste povo, uma vez que se trata de um elemento fonte de vida e cura. Anna discorre sobre um colar, confeccionado por seres sobrenaturais a partir do algodão, que tem a finalidade de tecer um vínculo com o corpo físico das pessoas.
A publicação também se desdobra como um registro sistematizado dos lugares ocupados, imemorialmente, pelo povo Nambikwara, que sob os nossos termos podem ser reconhecidos como locais sagrados. E revela como as frentes de expansão do extrativismo e do agronegócio foram responsáveis pela desterritorialização dos Nambikwara, sob uma violenta condição de desrespeito e desvalorização do vínculo umbilical do povo com o lugar por ele ocupado.