14 de outubro de 2011

Os cerca de 700 indígenas que  vivem na Terra Indígena Marãiwatsédé conseguiram  uma tonelada de cará como medida de apoio ao suprimento alimentar e plantio nas roças tradicionais.

Por: Comunicação OPAN

São Félix do Araguaia, MT – Os cerca de 700 indígenas que  vivem na Terra Indígena Marãiwatsédé conseguiram  uma tonelada de cará como medida de apoio ao suprimento alimentar e plantio nas roças tradicionais. Representantes de todas as casas fizeram fila para receber os legumes e começar os cultivos após o início da época de chuvas. A iniciativa faz parte do projeto “Apoio à soberania alimentar, gestão dos recursos naturais e expressões culturais da etnia Xavante da Terra Indígena Marãiwatsédé”, desenvolvido pela OPAN e pela ANSA desde 2008 na região. Até o fim do ano, mais 250 quilos de feijão deverão ser repassados à comunidade.

Desde que os Xavante reocuparam seu território em 2004, encontrando praticamente 90% da terra indígena invadida, eles têm tido dificuldades para estabelecer plantios de espécies tradicionais e nutritivas devido à degradação generalizada do ambiente. “Os velhos gostam muito do cará. A chegada desse alimento foi muito importante para nós”, disse o indígena Domingos Tsereõ´morãte. O cará é um alimento muito apreciado pelos Xavante,  que eles costumavam coletar. Antes, eles tinham muitas variedades nativas que brotavam em ambientes como Cerrado, varjão e beira de rio. Agora só têm dois tipos, que cultivam em suas roças de toco e em pouca quantidade.

O desmatamento obriga que os índios busquem mais longe os recursos naturais de que necessitam. Para pescar, por exemplo, eles têm percorrido uma distância de cerca de 70 quilômetros, pois os rios mais próximos da aldeia foram degradados. Por isso, o estabelecimento de espaços produtivos dentro da terra indígena tem sido uma estratégia relacionada à gestão territorial, à ocupação e à permanência na área diante das pressões políticas para a remoção dos indígenas.

O início das chuvas tem possibilitado também o plantio de sementes coletadas em outras épocas do ano, que foram cuidadosamente armazenadas para o aproveitamento no período mais fértil, como abóbora, feijão, milho duro, milho xavante e arroz. A OPAN tem incentivado ainda o cultivo de áreas atrás da escola xavante, onde há agora um pomar enriquecido com esterco do próprio curral da aldeia. O projeto também trabalha com uma área atrás da escola, onde são plantadas frutíferas e serão incorporadas sementes e espécies de lavoura entre as árvores.

Sobre a Terra Indígena Marãiwatsédé

A Terra Indígena Marãiwatsédé tem 165 mil hectares nos municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia, no nordeste de Mato Grosso. Foi homologada pela União em 1998 e abriga apenas uma aldeia com 700 índios, que após terem sido retirados à força nos anos 60 pelo governo brasileiro, hoje lutam para recuperar a soberania alimentar e territorial em sua área invadida. A sentença judicial que determinou a saída de posseiros e latifundiários ainda não foi executada porque aguarda a elaboração de um plano de desintrusão, que depende dos esforços do governo federal para ser posto em prática e garantir o direito à terra negado à décadas aos Xavante de Marãiwatsédé.

OPAN

A OPAN foi a primeira organização indigenista fundada no Brasil, em 1969. Atualmente suas equipes trabalham em parceria com povos indígenas do Amazonas e do Mato Grosso, desenvolvendo ações voltadas à garantia dos direitos dos povos, gestão territorial e busca de alternativas de geração de renda baseadas na conservação ambiental e na manutenção das culturas indígenas.

Contatos com imprensa

Andreia Fanzeres: 55 65 33222980 / 84765620

Email: comunicacao@amazonianativa.org.br

OPAN – Operação Amazônia Nativa

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