Coletivo do manejo de pirarucu mais forte
Em seminário, comunitários e parceiros se unem para buscar melhorias e políticas públicas para a atividade.
Por: Dafne Spolti/OPAN
Manaus (AM) – Para quebrar os limites impostos pelas distâncias amazônicas e pautar de forma coerente as demandas que existem nas diversas regiões, os participantes do seminário “Diagnóstico do manejo de pirarucu em áreas protegidas do Amazonas”, realizado durante a última semana, em Manaus, criaram um plano com ações prioritárias e fizeram reivindicações conjuntas, fortalecendo o coletivo do manejo de pirarucu, que envolve moradores das bacias dos rios Negro, Purus, Solimões e Juruá, além de pesquisadores, órgãos da sociedade civil e do governo.
De forma processual, desde outros seminários promovidos com apoio do projeto “Parceria para a conservação da biodiversidade da Amazônia”*, e em encontros e reuniões ao longo dos anos, um grupo do manejo vem se fortalecendo, observando que a única forma de conseguir superar os desafios do manejo, como a falta de acesso a políticas públicas, é a partir da articulação entre os envolvidos.
“O coletivo é legal por isso. Você tem várias iniciativas em diferentes estágios e as pessoas colaboram entre si, então é mais ou menos nesse sentido. O que faz um grupo se juntar? A necessidade de resolver determinado problema. Então é isso. O manejo de certa forma vem acontecendo, está encaminhado da porta para dentro, mas precisa dar passos para fora, e é aí que dá a liga no coletivo”, disse Leonardo Pereira Kurihara, da Operação Amazônia Nativa (OPAN).
O principal problema encontrado pelos manejadores atualmente é o baixo preço do pescado, relacionado a um mercado restrito, à falta de infraestrutura para escoamento, armazenamento e beneficiamento do pescado e à pesca ilegal realizada ao longo de todo ano, além da falta de apoio do governo.
Como encaminhamento para melhorar as questões, além de um plano de trabalho envolvendo todas as regiões, os presentes fizeram moções cobrando mais fiscalização para combater o pescado ilegal e, ainda, a aprovação do PL 7678/2017 que autoriza subvenção econômica para produtos extrativistas de origem animal, como o pirarucu. Dessa forma, o pescado do manejo poderia ser incluído na Política de Garantia de Preço Mínimo para Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Grandes avanços
Durante diferentes momentos no seminário foi destacado o avanço do manejo de pirarucu, que, em 20 anos, possibilitou às comunidades sair de cenários opostos, da escassez, à abundância, como falou a coordenadora de manejo de pesca do Instituto Mamirauá, Ana Cláudia Torres.
O coordenador de produção e uso sustentável do ICMBio, João da Mata, observou o quanto é fundamental na perspectiva de um representante do poder público ter a sociedade ajudando na proteção territorial, o que é um dos principais resultados do manejo sustentável de pirarucu e destacou a importância do compromisso com os manejadores no sentido de fortalecimento da unidade.
Kirsten Silvius, representante do Serviço Florestal dos Estados Unidos, observou que as questões sobre o manejo têm sido colocadas cada vez com mais segurança nos encontros de manejadores. “Agora é mais ‘vamos fazer’”, disse, refletindo que há algum tempo, em outros seminários, se pensava muito nos caminhos ainda a serem construídos e não nas ações com passos já identificados. Kirsten se mostrou confiante na rede fortalecida durante o seminário: “Esse coletivo pode ter força de uma ação coletiva importante”, concluiu ela.
* A “Parceria para conservação da biodiversidade na Amazônia” envolve o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Fundação Nacional do Índio (Funai), a partir de apoio financeiro da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), com apoio do Serviço Florestal Americano.
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