Agricultura tradicional da Amazônia
Indígenas Apurinã se reúnem a povos amazônicos da tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia para trocar experiências sobre agricultura sustentável.
Por: Dafne Spolti/OPAN
Depois da noite de abertura os outros dias seguiram com falas dos presentes sobre sua agricultura e as atividades de campo. Divididos em grupos, um dos primeiros momentos foi o trabalho de evidenciarem a diversidade dos roçados e os modelos opostos a isso, em diferentes modelos agrícolas. “A aula teve objetivo de evidenciar o que é uma sociedade agricultora viver na escassez e na abundância”, explicou o indigenista da OPAN, Magno de Lima dos Santos. “Abundância somos nós que estamos nos organizando. É abundância porque tem diversidade de frutas”, detalhou o cacique Marcelino Apurinã.
Boa parte do aprendizado se deu no mutirão de agroecologia, onde todos foram compartilhar suas técnicas de plantio e trabalhar a terra em benefício de uma família escolhida para a atividade. Marcelino e Maria observaram maneiras diferentes de plantar e as possibilidades de utilizar alguns desses métodos. “Foi muito boa a forma das peruanas afofarem a terra”, destacou Maria. “Tinha coisa que a gente não estava trabalhando e agora vai estar”, disse Marcelino. Os dois disseram que pretendem fazer um encontro na terra deles para apresentarem a sua forma de fazer SAF também.
Depois da comunidade Guanabara Três, os grupos seguiram para a aldeia São Francisco, no município de Porto Nariño, na Colômbia, para conhecer um SAF implantado há 12 anos. A troca de informação continuou em uma área da Fucai, onde aprenderam sobre a extração de óleo de citronela e a fabricação de azeite de sachainchi.
Maria e Marcelino gostaram da experiência. Destacaram a receptividade dos anfitriões e a forma como organizaram o evento. “Principalmente a união foi o que eu vi lá. Todo mundo como irmão. Isso foi o que mais me chamou a atenção. Lá na minha comunidade o que eu vou explicar é essa forma de organização”, disse Marcelino. Ele e Maria também querem retomar as atividades culturais em sua aldeia. “A cultura deles foi muito linda. As crianças pequenininhas com roupa tradicional e tudo”, enfatizou ela.
O indigenista Magno também destacou que o evento foi positivo: “Do ponto de vista técnico o trabalho foi legal porque evidenciou que os países vizinhos, nossos irmãos peruanos e colombianos, estão desenvolvendo trabalhos sustentáveis, valorizando o ambiente como um todo”. Ele observou a metodologia teórica do trabalho de contraposição entre abundância e escassez e, ainda, a união fortalecida entre as organizações presentes. “A gente ir lá teve um caráter de ampliação de rede de parceiros para fora do país, o que foi importante”, concluiu.
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