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ATL 2021 conclama para a união dos indígenas contra as violências e a pandemia

Para destacar o contexto de crise sanitária e política do país, o tema deste ano será “A nossa luta ainda é pela vida, não é apenas um vírus.”

A 17ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), maior mobilização indígena do Brasil, teve início ontem (5) e pela segunda vez, desde o início da pandemia do novo coronavírus, a programação será realizada em formato on-line. Para destacar o contexto de crise sanitária e política do país, o tema deste ano será “A nossa luta ainda é pela vida, não é apenas um vírus”, no qual a Articulação dos Indígenas do Brasil (APIB) conclama os indígenas a se unirem para enfrentar o agravamento das violências contra os povos e da pandemia da Covid-19. De acordo com dados do Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena da APIB, mais da metade dos 305 povos indígenas que vivem no Brasil foram diretamente afetados pela pandemia da Covid-19. A doença contaminou mais de 50 mil pessoas e matou 1031 indígenas, até o dia 4 de abril de 2021.

A abertura do ATL 2021 contou com um ritual feito pela Kuñangue Aty Guasu – Assembléia das Mulheres Guarani e Kaiowa. As mulheres apresentaram a ancestralidade do povo Guarani Kaiowá, fortalecendo a abertura do abril indígena. A coordenadora executiva da APIB, Sonia Guajajara, destacou que as mortes dos anciãos, provocadas pelo coronavírus, têm um efeito devastador para a cultura indígena e que o único lugar seguro durante a pandemia é a aldeia. “É sufocante não saber onde tudo isso vai parar, quando tudo isso vai acabar, parece mais um cenário de guerra, onde o único lugar seguro parece ser o nosso território. Mas esses territórios estão ameaçados, atacados. Eles são extremamente cobiçados pelo poder político, pelo poder econômico.”

Seguindo a tradição, o ATL 2021 divulgou um manifesto para marcar o início das atividades. “Em todas as fases da história brasileira, a política indigenista serviu para nos extinguir física ou culturalmente (…). A Constituição Federal de 1988 deu um basta a essa história escrita com o sangue dos nossos ancestrais. (…). Porém, o Estado Brasileiro, as suas elites e sucessivos governantes, sempre nos trataram como empecilhos a seus projetos de desenvolvimento, de ocupação e de morte”, traz a Declaração do Abril Indígena 2021.

Pela primeira vez, a APIB realiza a Semana Ângelo Kretã, que teve início hoje (6) e vai até o dia 10 de abril. O evento faz parte da semana de mobilizações “Nosso Direito de Existir”. O ATL 2021 terá quatro semanas de ações, unindo lideranças indígenas de todo o país. A programação completa pode ser acompanhada no site e nos perfis da APIB nas redes sociais, e também nas plataformas da Mídia Índia. Do dia 5 a 30 de abril, os povos indígenas seguirão demarcando as telas e lutando por seus direitos.