Óleos Jamamadi se destacam no mercado
Povo deve finalizar seu plano de gestão territorial em agosto.
Povo deve finalizar seu plano de gestão territorial em agosto.
Por: Carla Ninos/OPAN
Lábrea (AM) – O povo Jamamadi da Terra Indígena (TI) Jarawara/Jamamadi/Kanamanti vem se destacando regionalmente na economia do município de Lábrea, resultado do trabalho de boas práticas na extração de produtos florestais não madeireiros, que elevaram a qualidade do óleo de copaíba. Há dois anos, os Jamamadi vendiam o quilo da copaíba a R$ 12,00 e, hoje, o produto já chega aos mercados nacional e internacional a R$ 30,00 o quilo.
“A gente fura a copaibeira para extrair o óleo, depois tampa o buraco para ele não ficar derramando e para a madeira da árvore não morrer. Desse jeito, dá para extrair a copaíba no outro ano”, explica o professor Eliseu Jamamadi, da aldeia Buritirana.
Em 2014, só a Cooperativa Mista Agroextrativista Sardinha (Coopmas), sediada em Lábrea, comercializou 1.600 quilos de óleo de copaíba do povo Jamamadi, que produzem durante o ano todo e têm outros compradores na região.
Astrogildo Oliveira durante reunião administrativa na Coopmas.
Foto de Carla Ninos/OPAN
A Coopmas é uma importante parceira dos ribeirinhos e dos povos indígenas do Médio Purus. “A cooperativa foi criada para atender aos povos produtores, em especial, os extrativistas. A gente trabalha com beneficiamento para agregar valor e facilitar a comercialização de produtos como a castanha-do-Brasil, nosso carro chefe, e também os óleos vegetais – copaíba, andiroba, murumuru, tucumã, dentre outros. Trabalhamos, ainda, com o pescado de manejo”, explica Astrogildo Oliveira, diretor presidente da Coopmas.
Extração de óleos é destaque no plano de gestão
O apoio ao manejo da copaíba e da andiroba é uma importante ação do projeto Raízes do Purus, realizado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN) com o patrocínio da Petrobras. É também um dos temas discutidos pelo povo Jamamadi em seu plano de gestão territorial e ambiental. Este documento vem sendo elaborado pelos Jamamadi desde o ano passado, a partir do que cada aldeia aponta como prioridade para o povo.
“A gente observa que nesse período de elaboração do plano de gestão, em que eles pensam e discutem como querem gerir seu território, o povo Jamamadi já está colocando em prática os seus combinados”, informa indigenista da OPAN, Magno dos Santos. A dinâmica de elaboração é um processo contínuo de empoderamento, capacitações e discussões. Hoje, os Jamamadi veem o plano como um meio para atingir seus objetivos, que são lutar por melhorias para o povo, conquistar seus direitos, fortalecer a organização interna, refinar a relação com quem vive no entorno de suas terras.
“O plano de gestão é um documento que o Jamamadi está fazendo sobre a nossa terra. Nele a gente conta como o Jamamadi faz roçado, planta mandioca, macaxeira, batata, pupunha, etc.”, conta Badá Jamamadi, cacique da aldeia São Francisco.
Até o lançamento do plano de gestão, previsto para agosto de 2015, ainda devem ser feitas mais duas reuniões gerais, com a presença de representantes de todas as aldeias, para discutir e validar os combinados elaborados pelo povo.
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Carla Ninos – carla@amazonianativa.org.br
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